22/08/2023

SEIJI


 

Quando meu filho Maurício nasceu eu morava na casa que construímos no fundo do quintal dos meus sogros, assim que ele nasceu 2 meses depois meu sogro faleceu e o neto tão esperado ( tão cobrado) e tão amado foi deixado para trás, no entanto minha sogra o acolheu como se fosse meu sogro, não lhe faltou ,colo,carinho,doces,dinheirinho para as gulodices e amor...enquanto eu fazia os afazeres doméstico, as compras e outros compromissos ela cuidava diligentemente dele e tanto que ela falava em japonês e ele compreendia embora não falasse. Ao nos mudarmos ela atravessava a rua para saber dele e da Irmã quase diariamente.  

No dia em que ela faleceu. Eu fui avisá-lo em casa,ele ainda dormia e ao saber pulou imediatamente da cama e correu com toda a suas forças ainda de pijama se ajoelhou ao lado do corpo dela sem vida e chorou copiosamente pedindo perdão e dizendo que a amava, enquanto segurava suas mãos frias, mãos que o alimentaram que o acariciaram, mão que recolheram seus brinquedos para ele não levar bronca...mãos que o acalentaram....no seu velório ele foi de terno preto (luto como no Japão)para honra-la mas foi mal interpretado...

O amor que ele sente por ela persiste até hoje, ela foi um exemplo de amor abnegado, de simplicidade e presença silenciosa, seu nome Shizuka ( silêncio) não poderia ser melhor empregado. Ao ver uma fotografia dos 2 juntos me veio um turbilhão de lembranças que não caberiam em um livro mas deixo registrado aqui esse texto como uma pequena lembrança do amor desses dois Seres...